Esta será a terceira edição de um programa cultural, com música, cinema e debates, que une aqueles dois organismos em torno da promoção da leitura. "Dias do desassossego" começa a 16 de novembro, dia do 93.º aniversário de José Saramago, e termina a 30 desse mês, quando se cumprem 80 anos da morte de Fernando Pessoa.."Entre essas duas datas queremos levar o livro e a leitura para a rua, tendo presente o que as duas casas trabalham, como polos agregadores da literatura e que querem aprofundar um diálogo com outras linguagens artísticas", disse o diretor da Fundação José Saramago, Sérgio Machado Letria, à agência Lusa..Durante duas semanas, o programa contará com iniciativas tanto na Casa Fernando Pessoa como na Fundação José Saramago, mas também em outros espaços da cidade, nomeadamente o Musicbox, o Teatro São Luiz, escolas e o Hospital Júlio de Matos.."No fundo, o que propomos são diferentes tipos de leitura, através do cinema, com filmes que espelhem e pensem a leitura, com propostas de teatro ou com oficinas junto de escolas", explicou à Lusa a diretora da Casa Fernando Pessoa, Clara Riso.."Os dias do desassossego" começam na Fundação José Saramago, no dia em que o Nobel da Literatura faria 93 anos, sendo evocado, por exemplo, com um ensaio aberto da peça "Claraboia", que o teatro A Barraca está a preparar a partir de um romance homónimo do autor..O programa, que não é extenso nem tem iniciativas que se sobrepõem nessas duas semanas, contará, por exemplo, com um espectáculo do pianista Mário Laginha, a 18 de novembro no CCB, intitulado A biblioteca dos músicos, que incluirá duas peças inéditas dedicadas a Saramago e a Pessoa..No cinema Monumental programaram-se três dias de cinema, com escolhas de filmes que dialogam com a literatura, sem necessariamente serem adaptações de obras literárias. As escolhas são de Pedro Mexia, Tiago Baptista, Osvaldo Silvestre e Mário Jorge Torres..Estão previstas ainda intervenções de arte nas ruas da cidade, em parceria com a GAU - Galeria de Arte Urbana, em locais e com artistas ainda a anunciar, e ainda uma oficina de criação poética de Miguel Horta com utentes do Hospital Júlio de Matos..O programa termina a 30 de novembro com a Casa Fernando Pessoa a assinalar os 80 anos do poeta português: O ator João Grosso interpretará Ode Marítima, do heterónimo Álvaro de Campos, no Teatro São Luiz, e Luís Miguel Cintra encenará, no Teatro da Cornucópia, um recital que demonstrará as marcas de Pessoa na poesia portuguesa..Sérgio Machado Letria e Clara Riso estão em sintonia quando dizem que estas iniciativas pretendem "chamar a atenção para o potencial transformador do livro" e resumirem, em duas semanas, o trabalho de promoção da leitura que a Fundação José Saramago e a Casa Fernando Pessoa executam ao longo de um ano..A parceria entre as duas estruturas culturais, que foi formalizada no começo deste ano, permitiu a criação de um bilhete conjunto que permite descontos a quem visitar os dois espaços, separados por menos 18 quilómetros..Mais de 1.400 visitantes utilizaram esse bilhete ao longo deste ano, disse Clara Riso..O diretor da fundação diz que este tem sido "um trabalho colaborativo" entre os dois organismos, com um modelo que poderá ser replicado nos próximos anos, aproximando-se de públicos que tenham em comum e tentado chegar a outros leitores, por via, por exemplo, do serviço educativo.